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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dia do Índio

ORAÇÃO DO ÍNDIO
Íris Matilde Boff Serbena


Ó GRANDE ESPÍRITO, Pai e mãe da cadeia da Vida

A modernidade transformou as ondas do ar numa grande comunicação planetária e já não escutamos o silêncio da tua voz.

As nuvens do progresso técnico e científico ofuscaram tua luz e não conseguimos te ver.

eeTua solene veste verde de florestas, campos e pradarias te deixou semi-nu, exposto à exploração pela inteligência do Branco e nos sentimos expulsos, rasgados, divididos e ultrajados. Assim não reconhecemos tua soberana Beleza.

Os modernos meios de produção embaçaram de poluição o espelho dos teus lagos e nós não Te conhecemos. A dança dos rios foi profanada por dejetos e venenos. Silenciaram em represas o canto das Tuas cascatas e, já não ouves nossos lamentos de socorro, tortura e saudade. Enfraqueceu e desafinou o canto e a dança de nossos rituais.

Em nome do progresso ou para saciar a selvageria do homem "civilizado", muitas das espécies raras de nossos irmãos ancestrais, os animais foram sacrificados e dormem fossilizados no Teu Ventre. Os que sobrevivem estão enjaulados, domesticados, comercializados ou expostos à apreciação para cuirosidade pública. Perdemos assim a nossa origem.

O que resta de nossa gente, nossas aldeias, ritos e costumes, serve apenas para evocar ao "civilizado" a Natureza Divina que nos deste, o Origem esquecida, a Sabedoria perdida. Ajuda-nos a reatar o fio arrebentado na trama da vida que nos levam a Ti.

Como uma árvore arrancada de sua raiz, vivemos órfãos de Ti. Estamos nas ruas quase como amostra grátis, nas prateleiras como oferta, nossa história e cultura nos livros e museus para estudo, pesquisa ou simples curiosidade: nas leis como um disfarce de proteção.

Benditos irmãos "civilizados" que compartilham conosco o exílio na nossa própria terra.

Espírito de Luz,Sabedoria, Criação, nosso canto é o choro, nossa voz é o silêncio, nossa dança é a fuga, nossa esperança é retornar ao Coração Vivo e aconchegante da Grande Mãe " a terra dos sem males" e sermos todos embalados e amados como filhos do mesmo Pai e da mesma Mãe.



Holocausto
Os jovens queimaram o índio
Pensando ser um mendigo.
Será que o ser humano
Foi reduzido a mero lixo?
Queimaram o índio:
Hediondo sacrifício
Acaso a violência
Eliminou a consciência?
Queimaram o índio:
Liberdade sem ética.
Onde enterraram a mística?
A sensibilidade, a poética?
Queimaram o índio,
Queimaram o Brasil.
Queimaram o índio,
Queimaram o Divino
(Leíza Azenaide lima)

REFLEXÃO:

  1. ""Ó GRANDE ESPÍRITO, Pai e mãe da cadeia da Vida" Com quem o índio está falando?
  2. Como os indígenas têm sido afetados pelo homem branco?
  3. Cite algumas características dos povos indígenas.
  4. Como a terra é usada pelo homem branco?
  5. Como o índio trata seus animais?
  6. Como o índio ama sua terra
  7. Quem são os "irmãos civilizados" que compartilham o exílio na própria terra?
  8. CNo último parágrafo: "nosso canto é o choro, nossa voz é o silêncio, nossa dança é a fugz, nossa esperança é retornar ao Coração Vivo e aconchegante da Grande Mãe, "a terra dos sem males..." , o que o índio quiz dizer com essas afirmações?
  9. A que fato o poema Holocausto se refere?

sábado, 20 de março de 2010

O PAPEL DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA NA FORMAÇÃO DE PESSOAS

PAPEL DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA NA FORMAÇÃO PESSOAS

Marisa Terezinha Rosa Valladares (*) texto publicado em Profiss?o Mestre – Ano 6 Nº 86 – 24/09/2008

"Não pretendo fazer uma falação calcada em otimismo demagógico, nem discutir as conhecidas dificuldades que entremeiam o nosso caminho. Gostaria mais de falar de eixos norteadores de minha tentativa pessoal de contribuir na construção de uma sociedade justa e solidária: são eles a responsabilidade, o compromisso, a esperança e o amor. São palavras um tanto quanto desgastadas pelo seu uso constante em discursos de toda a espécie. Todavia, têm para mim um significado muito além desta dimensão: são verdadeiramente os pontos cardeais que utilizo para não me deixar prender pelos nós do mau uso delas.

A responsabilidade é aquela premissa de estar sempre buscando a coerência entre a teoria e prática, entre o dito e o feito, entre o querer e o fazer. É ela que me faz ser meiga e dócil no trato com alunos e colegas, por entender que as relações de aprendizagem e de trabalho precisam ser prazeirosas e gentis para serem frutíferas. É ela também que me faz vencer uma enorme timidez para expor as coisas em que acredito. É dela que retiro forças para vencer a temeridade de calar, quando seria fácil – e até cômodo – ficar quietinha no canto. Ela me faz falar e brigar, como se nem fosse eu mesma... Também me faz vencer o cansaço, em noites que me debruço sobre livros. Com ela transformo, não sei por que magia, as 24 horas do dia em muitas, muitas mais que eu possa entender ou explicar! A responsabilidade de me fazer exemplo para alunos conseguiu alterar a calma e mansa forma de olhar o mundo, que me legou a minha educação familiar para uma forma mais ativa e crítica de analisar o que me rodeia. Por causa dela, perdi um pouco da ingenuidade no julgamento dos fatos e me percebi aprendendo a espiar o que há por trás deles.

E aí ela se acorrentou ao compromisso: o que antes era certo porque diziam ser certo, passou a ser a fonte do querer descobrir. O que se declarava ser sacerdócio, abnegação, transformou-se em luta, em engajamento não mais solitário, mas essencialmente coletivo. O compromisso não é um ato individual, é uma postura social e política. Ele exige uma expansão que extrapola nossa dimensão, porque quer mais e só sobrevive se nos dispusermos a fazer crer no que cremos, mais e mais pessoas. Está diretamente ligado à competência profissional e pessoal de crescer, de aprender mais, de lutar mais para transformar em melhor aquilo que fazemos e vivenciamos.

Mas não me basta só isto. Para poder levar avante o compromisso com responsabilidade, não abro mão de cultivar a esperança. Não aquela esperança frouxa de que vai acontecer, mas a esperança como aquela de quem sabe faz a hora e não espera acontecer. Partilho da mesma esperança de Paulo Freire em sua Pedagogia. É uma esperança que se constrói, na certeza de que é possível. Ela me sustenta na superação de dificuldades e me impulsiona rumo ao futuro. Ela me emociona com pequenas vitórias e não me deixa desiludir nos fracassos. Com a esperança, me resgato dos cinqüenta e sete anos vividos e me torna mais disposta a perseverar. Ela me dá a coragem de arrancar de cada tropeço, um impulso para a frente e não para o chão.
E aí, vem o amor. Não é um amor piegas, nem um amor de mão única. É um amor que me dá asas à imaginação e me faz ver o mundo sempre colorido, mesmo quando o dia é cinzento e chuvoso. É a base do meu dia-a-dia, é unificador de minhas convicções e o meu próprio perdão aos meus desacertos. É o meu elo com todos os outros, superando desafetos, diferenças, incompreensões...

Com estes parâmetros construí minha práxis pedagógica. Retirei deles a convicção de que a Geografia seria o meu caminho para fazer Educação. Através deles vislumbro uma Geografia que não é só localizar e nem apenas explicar fatos ou fenômenos geográficos, mas é concretizar uma ação transformadora da/na sociedade. Não acredito numa Geografia fria de conceitos bem ou mal formulados. Acredito numa Geografia que canta ou murmura em rios que se salvam de ações de uma sociedade imediatista e sem um planejamento sério e compromissado com o amanhã; vibra e vive com mulheres e homens de qualquer classe, raça, crença, sexo, nacionalidade ou convicção política; ri e chora com companheiros vivos ou inertes deste Planeta Azul. Creio numa Geografia que se faz com crianças, jovens e adultos, sem aquela decoreba sem graça que não conduz a nada, sem aquele desfiar inútil de números estatísticos e de nomes sem nenhum significado, porque sãodescontextualizados.

Acredito que a Geografia permite fazer a leitura do mundo muito além do simples ato de codificar ou decodificar símbolos alfabéticos: ela nos permite ler na observação dos astros do Universo que nos rodeia, nas montanhas que se elevam ou nos mares que se prolongam até ao horizonte, nos vales ensombrecidos, nas florestas decapitadas pelos homens, no trigo que brota, na fábrica que apita e solta fumaça no ar, nos homens de ombros caídos e na fala dos seus dirigentes ... Ela não só nos conta as coisas, mas nos permite pensar, ao analisá-las, em como mudá-las, uma vez que estamos todos nelas inseridos.

Para fazer esta GEOgrafia, acredito numa metodologia de prazer que inclua leituras, pelo simples prazer de ler e buscar saber como outros constroem seu conhecimento, verificando as diferentes "verdades" que cada autor produz. Proponho uma Geografia que se aproprie do prazer de jogos inocentes que possibilitam testar convicções sem disparar o terror das perguntas, nas quais não cabem certezas para errar, nem erros para acertar, apenas tentativas para medir conhecimento com zero ou dez, certo ou errado. Quero uma Geografia que use a música, a história em quadrinhos, o filme, a poesia, a dramatização, a observação e o diálogo. Gosto de textos em que o autor conversa comigo e não daqueles que falam com a própria ciência. Prefiro rir com o professor que me mostra o mundo como gente o u me provoca ao mostrar o homem como lobo do próprio homem. Não quero fazer Geografia insossa de aspectos físicos, humanos e econômicos, como se o homem não fizesse parte da natureza e o econômico não fosse produzido pelo humano. Quero a Geografia una, inteira, aquela que me conta como a Terra é um organismo vivo - Gaia - que precisamos cuidar para as futuras gerações, nossos netos, bisnetos, tataranetos e seus descendentes...

Penso que o papel do professor de Geografia na formação de uma sociedade crítica não precisa ser de um cavaleiro do Apocalipse, duro e cruel. Não vejo a necessidade de amargura ou de pseudo-seriedade sem alegria e prazer. A crítica não se faz com critiquice, mas com a capacidade de análise e de reinvenção do que precisa mudar. Se não for assim, de que me vale o futuro? Se não creio na mudança para o melhor, talvez devesse me calar e não ser professora. De que vale um mestre que não crê que a aprendizagem é um ato de amor e não tem limites? Que compromisso há em discutir o que não se acredita que pode mudar? Para que aprender? Para sofrer ou para viver? Prefiro não fechar os olhos para a realidade, mas fitá-la com toda a intensidade, para perc eber onde está seu brilho e fazê-lo incindir sobre suas sombras...Quem sabe assim, a Geografia possa justificar melhor sua existência como ciência e como parte dos estudos escolares."

(*) Marisa Terezinha Rosa Valladares é professora de Estágio Supervisionado, Didática e Tópicos Especiais de Geografia no Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo – Mestre e Doutoranda em Educação.

Geografia: a mais importante de todas as matérias da escola?

Geografia: a mais importante de todas as matérias da escola? Só se o mundo for uma bola!

Aí está uma idéia que pode parecer estranha diante do que a maioria de nós está acostumada a pensar: a Geografia é, poderia ser ou, melhor, deveria ser a mais importante de todas as disciplinas escolares.

Essa é uma noção atípica pois, infelizmente, o ensino da Geografia na escola ainda é associado a duas idéias principais:

- Ela é uma disciplina que leva ao extremo o recurso à "decoreba". Nós fomos educados assim e, apesar de todas as mudanças, ainda podemos dizer que, para tirar boas notas em Geografia, em pleno século XXI, o mais importante continua sendo ter uma boa memória.

- A Geografia é uma matéria que quase nunca reprova e é mais fácil e menos decisiva do que Matemática ou Língua Portuguesa. A aula de Geografia é um bom momento para fazer um pouco mais de bagunça, até mesmo porque, em geral, professores de Geografia são "mais bonzinhos"...

Neste artigo, gostaria de tentar mudar um pouco a visão de quem pensa assim e dividir algumas idéias que fazem com que nós, geógrafos, tenhamos grande orgulho e prazer com nossa profissão (embora ninguém, ao que parece, esteja ficando muito rico).

Enfim, a visão da "decoreba" e da matéria menos séria é triste, porque a Geografia não é nada disso: ela é uma ciência que integra contribuições de todas os campos do saber e que deve ter uma função central na necessária renovação do ensino.

Por que isso acontece? Em primeiro lugar, porque é a Geografia que garante um espaço específico para o tratamento das questões sociais e ecológicas dentro das escolas, permitindo que os problemas do mundo sejam discutidos nas salas de aula.

Quando os meios de comunicação mostram incessantemente imagens de terroristas agindo nos mais recônditos cantos do planeta, é possível que a escola ignore isso? E quando o clima do planeta dá sinais de alterações perturbadoras, talvez por influência da atividade industrial humana, é aceitável deixar de discutir isso? É claro que não, a não ser que a escola desista de ter entre os seus objetivos o de ajudar a entender o mundo.

É por isso que um amigo geógrafo sempre diz que "um bom professor de Geografia vai para a sala de aula com um jornal e um globo terrestre". Claro, pois tudo o que está acontecendo de importante no mundo pode servir como ponto de partida para o trabalho do professor de Geografia.

E no que deve consistir esse trabalho? Basicamente em mobilizar a curiosidade e as idéias que os alunos já têm sobre os temas debatidos e, com base nisso, conduzir atividades em que vamos localizar, mapear, comparar e analisar criticamente os fenômenos discutidos. É exatamente por isso que há muitas décadas já se afirma que, na escola, a Geografia é fundamental para levar alunos e alunas além da visão superficial e sensacionalista das manchetes dos jornais e da TV.

Então, a Geografia é importante porque, mesmo na escola mais tradicional, abre espaço para que os problemas reais do mundo sejam discutidos e aprofundados. Esse processo revela um outro aspecto importante dessa disciplina: ela pode englobar abordagens de várias outras matérias. Um bom trabalho provoca a necessidade de pesquisar e discutir questões históricas e científicas, produzir textos de síntese, levantar dados numéricos e usar a matemática em um sem-fim de tipos de análises. Ou seja, em um trabalho sério de Geografia, todas as disciplinas devem dar sua contribuição; todas as matérias podem "estar contidas" nela. A Geografia, veja só que chique, é multi e interdisciplinar!

Aliás, não são apenas os geógrafos que afirmam isso. Um dos grandes pensadores da complexidade, da renovação da ciência e de seus paradigmas é o francês Edgar Morin, que reconhece que "o desenvolvimento das ciências da Terra e da Ecologia revitalizam a Geografia, ciência complexa por princípio, uma vez que abrange a física terrestre, a biosfera e as implantações humanas" [i] . Ou seja, uma Geografia que não seja multidisciplinar não merece esse nome.

Com todo esse potencial, dói ver que a Geografia escolar é muitas vezes associada a coisas como decorar o nome de rios e de capitais...

Talvez eu já tenha conseguido provocar alguma perturbação em sua concepção da Geografia e do papel dela na escola. Para concluir, afirmo (juntamente com muitos geógrafos) que a Geografia deve ser, cada vez mais, explorada como a mais importante das disciplinas, para atingirmos dois objetivos em nossas escolas. Esses objetivos podem parecer contraditórios, mas, na verdade, são profundamente complementares:

- Pelo conhecimento do espaço local e pela comparação dele com outros lugares, ajudar cada um(a) a compreender melhor sua inserção territorial e cultural, o que contribui para a construção de uma identidade pessoal e comunitária mais rica. Conhecer cada vez mais e melhor seu lugar, sua cultura e as pessoas que vivem nos mesmos espaços que nós.

- Pelo tratamento global dos problemas, pela busca de características comuns, pela análise da distribuição e da evolução espacial dos fenômenos e pelo uso constante do globo e de mapas, levar os(as) estudantes a conhecerem cada vez melhor o planeta em que vivemos. É a Geografia que possui a mais nobre das missões na escola do século XXI: preparar nossas crianças e adolescentes para a superação dos patriotismos e regionalismos estreitos, e formar para o respeito às diferenças e para o que nós chamamos de "cidadania planetária".

O francês Paul Claval, um grande geógrafo, encerra um de seus livros afirmando que "concebida dessa maneira, a Geografia prepara os homens para serem cidadãos do mundo. É nisso que acredito sinceramente" [ii] . Eu também!

Afinal de contas, o mundo é mesmo quase uma bola, estamos todos no mesmo barco redondo com sua atmosfera fantástica, o que acontece aqui sempre tem implicações acolá, e não podemos mais nos dar ao luxo de educar nossas crianças como se isso não fosse uma verdade fundamental. Precisamos da Geografia para nos conhecermos, para conhecermos nosso mundo respeitando sua diversidade e complexidade e para construirmos a cidadania planetária. Decore isso...



[i] Edgar Morin. "A cabeça bem-feita". São Paulo, Editora Cortez, 2003. Página 28. Sublinhado por nós.

[ii] Paul Claval. "La géographie comme genre de vie". Paris, L’Harmattan, 1996. Página 136.

*****

Brasil precisa de 17.500 professores de geografia

Não dá para imaginar que atualmente faltam professores de geografia no Brasil, não é mesmo? Mas a verdade é essa. Um estudo do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da Educação, aponta que o país precisa atualmente de 17.500 docentes para atender à demanda dos ensinos fundamental (de 5ª a 8ª séries) e médio.

Nos últimos dez anos, formaram-se 53.500 pessoas com licenciatura em geografia. No entanto as escolas precisam de 71 mil professores. Somadas com outras licenciaturas, como história, física e matemática, há 250 mil vagas sobrando para docentes.

Isso dá alguma vantagem para quem procura um curso de graduação em geografia. Primeiramente, pelo mercado de trabalho, embora os salários iniciais de professores não sejam os mais atrativos (veja quadro). Em segundo, por alguns benefícios que têm surgido para as licenciaturas.

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